sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Meu pai, meu herói!

Quem tem filho em casa sabe que as férias escolares foram inventadas pelo Capeta, não tem outra explicação. De início até que elas se comportam, assistem TV e brincam quietinhas. Porém, quando os desenhos começam a reprisar e as brincadeiras ficam enjoativas, aí começa o verdadeiro tormento para os pais.
Zezinho e a monitora:
Ele está em boas mãos

Quando isso acontece, os pequenos ficam possessos, querem sair de casa de qualquer jeito, mesmo que seja para voltar para a escola. Num ano desses, meus filhos encheram tanto a nossa paciência, que a Kitsune achou melhor levá-los para um acampamento:

_ Lá tem arvorismo e esse contato com a natureza será bom para eles, assim poderão gastar esse tanto de energia acumulada. - Disse-me ela, justificando a decisão.

_Kitsune, você sabe que eu tenho medo até de subir em escada, como vou fazer arvorismo com as crianças? -perguntei.

_Chester, têm muitas opções por lá, nós podemos descer o rio de canoa ou andar de bicicleta nas montanhas. Lembre-se que o lema dos nossos pequenos é: "Meu pai, meu herói!". - respondeu-me.

_Esse lema precisa ser revisto, pois aposto que eles vão querer fazer arvorismo, rapel ou algo que o valha. Menos o Huguinho, que tem medo dessas coisas.

_Pois é, ele tem a quem puxar, né? - Ah, como eu odeio quando a Kitsune faz esses comentários sarcásticos...

Enfim, fomos ao tal acampamento. Tenho que reconhecer que o lugar era bonito, mas boa parte dessa beleza se perde quando os mosquitos começam a te picar. Crianças corriam pra todo lado e nossos pequenos não perderam tempo, indo direto para a piscina como um bando de delinquentes juvenis. Em determinado momento, a monitora do local, uma morena estonteante, veio falar com a gente:

Monitor me preparando para a
tirolesa: não precisa ter medo.
_Bem, os pais podem ficar aqui um dia ou dois, mas o resto da semana as crianças ficam sozinhas, aos cuidados do acampamento. - ela explicou.

_Ouviu isso querida? Finalmente teremos alguns dias de paz! - disse para Kitsune, mas ela não achou esse comentário muito engraçado.

_Como as crianças às vezes chegam meio desconfiadas, pedimos para os pais testarem nossos equipamentos nas frente dos filhos. O senhor, por exemplo, podia ir fazer nossa pista de arvorismo, que termina em uma tirolesa com 100 metros de extensão. - explicou a monitora. Kitsune, ao ver meus olhos arregalados, comentou:

_Lembre-se Chester, meu pai, meu herói. - ah, como eu odeio esse tipo de sarcasmo....

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

As Time Goes By

Pois bem gente, essa é a última postagem do ano, espero que gostem. Para essa história, contei com a participação especial de Sally e Somir, um casal tão muderrrno quanto eu e a Kitsune. Quem quiser conhecer melhor essa dupla, acesse: http://blog.desfavor.com/




FELIZ ANO NOVO PARA TODOS OS QUE ACOMPANHARAM
O CASALMUDERRRNO EM 2010!!!!


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Pouco tempo depois que comecei a namorar a Kitsune, passamos nosso primeiro Reveillon juntos. Para a ocasião, tive a "genial" ideia de chamar um casal de amigos que também estavam em início de relacionamento: 

_Kit, eu vou chamar a Sally e o Somir para a festa de fim de ano, ok?

_O quê, não acredito que você vai chamá-lo para uma noite tão especial. - gritou Kitsune. 

Logo percebi que ia ser uma missão inglória conciliar os dois, pois Kitsune declaradamente odiava o meu melhor amigo. Somir, por sua vez, odiava o clima festivo de fim de ano. Minhas esperanças estavam todas depositadas em Sally, que podia se tornar uma gande companhia para Kitsune. 


Ao longo do dia, tentei amenizar a situação fazendo um carinho aqui, um beijinho ali, mas nada fez efeito. Quando a campainha tocou às dez da noite, achei que ela ia ter um ataque de nervos:

_E o descarado ainda chega atrasado. - ouvi-a resmungando pouco antes de abrir a porta.

Somir entrou e já foi direto para a geladeira, tirando duas cervejas lá de dentro. Suei frio ao ver a cara de assassina de Kitsune. Depois veio Sally, que rapidamente fez amizade com ela, me deixando um pouco mais aliviado.

_Chester, hoje eu preciso ficar bêbado, senão não aguentarei essa síndrome de pobre chamada Reveillon. - disse Somir, jogando uma das cervejas para mim. 

_Somir, tenta só curtir a noite, por favor? - repreendeu Sally.

_ Sério, não existe nada mais brega que dar nome em outra língua para uma festa bunda que comemora a "passagem de ano". - respondeu ele, fazendo aspas com as mãos.

_É uma festa importante, tá? O novo ano traz esperança de paz e amor ao mundo. - falou Kitsune.

Kitsune, Sally, Somir, Pessoa X e
Chester: Aparentemente felizes
_Isso não faz sentido, até parece que a guerra vai parar só porque mudou um número no calendário. Além disso, chineses, judeus e tantos outros comemoram o ano novo em outro dia, então, teoricamente, já estamos em um ano diferente. 

_Quem quer jogar buraco? - interrompi, antes que mais merda fosse jogada no ventilador.

Chegando perto da meia noite, já nos preparávamos para sair, quando Kitsune disse:

_Para essa festa, é preciso estar de branco. - ela olhou para Somir, que estava de preto.

_Viu? Eu avisei que era pra vir de branco, eu avisei. - reforçou Sally.

_Mais uma convenção que não faz sentido, além do mais, se não me deixarem entrar na festa, eu vou embora.

_Nada disso, vai lá que o Chester te empresta uma camiseta branca. - disse Kitsune, apontando para o nosso quarto.

Ministério da Saúde adverte: beber
muito causa náuseas e vômitos
_Pois é, vamos lá. - supliquei, dando o meu sorriso mais amarelo.

Já no quarto, ele desabafou:

_Quer dizer que pra participar do Reveillon eu sou obrigado a colocar uma roupa que eu não quero? 

_Abre uma excessão, só hoje, pela nossa amizade.

_Porra Chester, também não fode né. Pensando bem, eu tenho um plano para ir na festa com a camiseta que eu quero sem ser barrado na entrada.

Nisso ele pegou um esmalte branco de Kitsune e escreveu "100% Branco" na camiseta preta. O resultado final ficou tosco e mal dava pra ler, mas mesmo assim, Somir estava com a maior cara de satisfação. Claro que ao ver aquela "obra de arte", Kitsune ficou fula da vida, mas já tinha desistido de ficar brigando:

_Se ele quer se comportar como uma criança, deixa ele.

Enfim, chegamos na festa e ele conseguiu entrar sem grandes problemas. Enquanto comemorava fazendo a já famosa dança da vitória, Somir percebeu que muitas outras pessoas estavam vestindo cores diferentes:

_Festa do branco, há. - ironizou, apontado para Kitsune, que saiu correndo para o banheiro. Achei que ela fosse chorar, mas quando voltou, estava com outro vestido, um todo colorido:

_Eu já disse, hoje eu quero me divertir. Além do mais, é ano novo, época de perdoar os nosso inimigos. - Disse, dando um abraço em Somir, nos surpreendendo com a ação.

O resto da noite seguiu a tradição: bebemos muito, misturamos destilados com fermentados e comemos as mais diversas porcarias. Perto do fim da noite, fizemos nossas promessas de ano novo:

_Prometo fazer meu regime. - Iniciou Kitsune.

_Prometo tratar melhor meus funcionários. - Falei.

_Prometo perder meu medo de Lagartixas. Foi a vez de Sally.

_Prometo ser uma pessoa mais compreensiva, humilde, sincera e religiosa. NOT!!! - Finalizou Somir.


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Então é Natal...

Olá pessoal, antes de iniciar a história de hoje, gostaria de dizer que esta é a penúltima postagem do ano. Pela ocasião especial, será uma postagem mais longa que o normal e provavelmente farei mais uma sobre o ano novo, quando o "gato" da Mary Kate tentou me comer no jantar, mas não prometo nada. Se der tempo de escrever, escrevo, senão...  Merry Christmas and a Happy New Year!
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Eu fantasiado de Papai Noel:
 vejam que animação.

Não sei se vocês sabem, mas existem duas datas ao longo do ano que odeio de coração: o meu aniversário e a véspera de Natal. Meu aniversário pelo simples fato de estar ficando velho, já o Natal por causa de todo o bom mocismo praticado nesta época. Além disso, é o feriado em que eu mais gasto dinheiro com presentes, comida, enfeites e essa papagaiada toda. Sério, nunca entendi muito bem qual a relação entre o nascimento de Jesus, o consumismo desenfreado, a gula e o Papai Noel. Aliás, o "Bom Velhinho" tem um lugar especial no meu inferno pessoal, logo vocês entenderão o motivo.

Bem, todo Natal eu fico com a missão de me vestir de Santa Claus, o Papai Noel. Isso já motivo o suficiente para eu ficar irritado, além disso, as crianças adoram sacanear aquele "velho barbudo que fica sentado ali na sala" e, não raras vezes, já me encheram o saco (não o de presentes). Eu me preparava psicologicamente para a missão, quando Kitsune veio com uma ideia:

_Para este ano, ao invéz de bolas, vou colocar bombons na árvore de Natal. - Logo senti que era má ideia, pois as crianças sempre ficam pilhadas quando comem doce, mas fiquei na minha. E não deu outra, quando elas descobriram que eram bombons que estavam na árvore, devoraram tudo em menos de meia hora.

Daí pra frente elas não pararam mais de correr pela casa, e a cada vez que Kitsune abastecia a árvore de chocolate, elas encontravam um método de ir lá e roubar as guloseimas. Ela até deixou o Mixirica de guarda, mas na época o "gato" da Mary Kate era apenas um filhote e nem deu bola para a farra dos pequenos demônios.

Enfim a noite chegou e, com ela, os parentes indesejados. Estavam todos lá: sogros, tios, pais, irmãos, amigos e até mesmo um penetra ou dois. Só faltou o Wilson, o tio bebum, que deve ter ficado em algum canto por aí.

O resto da noite seguiu a roteiro, nos empanturramos de comida e bebida, vesti a maldita fantasia, a criançada puchou minha barba falsa até dizer chega e ainda tive que aturar minha sogra dizendo que eu era o pior Papai Noel que ela já tinha visto nos últimos tempos. Quando eu estava quase explodindo de estresse, meus filhos me rodearam. Suando, previ o pior, mas eles simplesmente me abraçaram e disseram juntos:

_Feliz Natal Papai Noel!!!!! - Tive que me segurar para não chorar. 

Depois disso veio a tradicional foto de família: 

Um Feliz Natal da família Chenson!!!!!
Já de madrugada, todos haviam ido embora ou estavam dormindo e fiquei sozinho na sala, esperando esfriar a cabeça antes de ir deitar. Foi quando Zezinho, mais dormindo que acordado, veio em minha direção e sentou no meu colo:

_Feliz Natal papai, eu te amo. - disse ele.

Logo em seguida veio o resto da ninhada e, por final, Kitsune chegou com uma caixinha de presente:

_Feliz Natal, meu amor. - Abri a caixinha e era um monte de enfeitinhos feitos à mão pelos nossos filhos. Desta vez não aguentei, chorei e abracei todos eles, com a certeza de que o sofrimento daquela noite havia valido a pena.

FELIZ NATAL A TODOS!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O castelo de areia

Continuando o último post, contarei como foi nossa estadia na praia durante o verão de 1989. Essas férias colocaram em xeque meus nervos de aço, como vocês vão perceber ao longo desta postagem.

Vou começar pela casa que ficamos, que era pequena e apertada. Precisei dividir um quarto - que na verdade era um cubículo que mal cabia eu sozinho - com Kitsune e as crianças. Quase tivemos que dormir em turnos, tamanha era a falta de espaço para deitarmos. Após horas nos acomodando, finalmente conseguimos descansar.
As crianças e o projeto de construir
o maior castelo de areia do mundo.

No dia seguinte, com olheiras nos olhos, fomos para a praia mais próxima. Chegando lá, vimos uma cena digna de inferno: um povaréu, lixo pra tudo quanto é canto, cães, frescobol, futvôlei e tudo o mais que uma praia de terceira merece.

_Ai que saudade da nossa lua de mel, quando fomos para Bora Bora. - comentei com Kitsune, que nem deu bola, pois já estava se bronzeando.

Olhei para os lados e as crianças haviam sumido, preocupado com elas, comecei a gritar pelos seus nomes:

_Luizinho, Zezinho, Mary Kate, Ashley, Huguinho! Onde estão?

_Estão ali fazendo um castelo de areia, seu mocorongo. - respondeu Miss Stevenson, apontando para um aglomerado de crianças que se empenhavam na construção de um castelo de areia.

_Esses bobões querem construir o maior castelo de areia do mundo, mas se depender de mim, nunca vão conseguir. - Gritava Ashley, enquanto destruía o trabalho das crianças, que choravam desesperadas.

"Gatinho" encontrado por Luizinho
e adotado por Mary Kate.
Olhei desconsolado para minha filha, depois para a cara de desaprovaçao da minha sogra e, por fim, para Kitsune, que continuava se bronzeando no sol escaldante.

O dia ia passando ao largo, e eu já pensava na viagem de volta para casa, quando senti uma mão puxando minha bermuda. Era Luizinho, nosso filho nerd que, assim como o pai, detesta a praia, o sol e o mar.

_Papai, vem ver o gatinho que eu achei.

Ele me levou até um recanto da praia, onde havia uma cesta de piquenique com um gato dentro. Chegando mais perto, percebi que aquele gato era grande demais para ser um simples bichano.

_Podemos ficar com ele, papai? - Disse Mary Kate, aparecendo magicamente e quase me matando de susto.

_Éééééééé....

_Ai, brigada papai. - Respondeu ela rapidamente, já abraçando o bicho para levá-lo embora. _ Vou chamá-lo de Mixirica, por que é amarelinho.

Mal sabíamos que aquele gato cresceria até ter o tamanho de um pônei, nem que ele ia tentar me comer umas duas vezes por mês. Mas isso fica para um futuro post, namastê.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Feriado na praia

A praia em um dia de
pouco movimento
Quem tem família grande sabe, mas quem não tem, aí vai um aviso: Viajar com parentes e familiares é uma Via Sacra, principalmente se sua sogra for a Miss Stevenson ou se sua filha for como a Ashley, a nossa ovelha negra. Foi no verão de 89 que esta história aconteceu, e tudo começou com um simples telefonema:

_Oi Kit, nós conseguimos alugar uma casa na praia para o final de semana, gostariam de ir com a gente? - Era Sakura, a irmã de Kitsune.

_Mas é claro. - respondeu ela, sem me consultar.

Quem me conhece já sabe, sou inimigo do sol, da água salgada e da superpopulação que se aglomera nas praias de todo o país. Destes locais eu só gosto das mulheres de biquini e olhe lá.

Mesmo contra a minha vontade, começamos a fazer as malas. Nós íamos fazer uma viagem de apenas três dias, mas mesmo assim Kitsune quis porque quis colocar o guarda-roupas inteiro dentro de uma única mala. Enquanto isso, eu fui mais prático e só peguei três mudas de roupas.

Ashley, Kitsune e Mary Kate:
as sereias da minha vida
_Leva mais roupa, senão depois vai ficar reclamando que não tem roupa pra sair, que todas suas camisetas estão molhadas e que a sunga está cheia de areia. - alertou-me Kitsune, mas nem dei bola.

As crianças eram um caso à parte, eles ainda não tinham conhecido o mar e estavam ansiosos pela viagem. Ashley, a ovelha negra, ficava inventado histórias para colocar medo nos irmãos:

_Um amigo meu lá da escola disse que no mar têm uma Lula gigante, e que o prato preferido dela é crianças no jantar. - Huguinho, o mais medroso dos nossos filhos, sempre corria para a barra da saia da mãe quando ouvia essas mentiras.

Com tudo certo, pegamos nossa Van e fomos até o litoral. No caminho, calor e congestionamento, uma combinação estressante, ainda mais se você tiver cinco filhos hiperativos no banco de trás.

_Pai, tá calor!

_Quero ir no banheiro!
Miss Stevenson, pode nadar que é
 seguro, qualquer coisa eu te salvo.

_O Luizinho pegou minha boneca!

Para acalmar os capetinhas, precisei tomar uma medida sócio-educativa, ou seja, liguei o dvd portátil e coloquei um desenho bem calmante para eles dormirem.

Quando finalmente chegamos na praia tive mais más notícias, pois Miss Stevenson, minha sogra, também estava lá. Ideias perturbadoras passaram pela minha cabeça quando, após nos acomodarmos na casa alugada, ela disse;

_Que bom ver meus netinhos, mas bem que o imprestável podia ter ficado em casa.

"Ah Miss Stevenson, eu tenho planos para você. Tome cuidado sua cobra velha, pois muitos 'acidentes' podem acontecer no mar", pensei. Porém, o que eu fiz com minha sogra na praia fica para um futuro post, namastê.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Papai, o que é preconceito?

Existiram momentos na vida em que fiquei totalmente sem palavras, a maior parte destas ocasiões ocorreram por culpa dos meus filhos. Deixem-me explicar melhor, é que em uma determinada idade, as crianças costumam perguntar sobre tudo, TUDO mesmo! E vocês bem sabem, não há resposta para tudo.

A difícil missão de explicar a
homossexualidade para crianças
Como foi dito no último post, George chegou para passar um final de semana com a gente, porém travestido como Georgette. Eu sabia que haveriam muitas perguntas quando meus filhos vissem George, então fiz todo o percurso até minha casa pensando em como iria explicar para eles que aquele homem era, na verdade, um homossexual.

Para vocês terem uma ideia melhor do que estou tentando dizer, aqui vão alguns exemplos de repostas que dei para os meus filhos em ocasiões embaraçosas:

_Papai, por quê existem pessoas deficientes?

_Hã.......

_Papai, por quê as pessoas odeiam os nordestinos?

_É.....

_Papai, por quê existe gente de cor diferente?

_Então....

_Papai, o que é física quântica?

_O quê???

No final das contas, percebi que minhas crianças tinham muitas dúvidas sobre o que era preconceito:
Mary Kate e seu
namoradinho da escola

_Bem meus filhos, às vezes as pessoas não aceitam muito bem que existam diferenças entre os seres humanos. Porém, ser diferente é muito legal, imaginem se todo mundo fosse igual? Não ia ter graça nenhuma.

_É verdade papai, tanto que meu namoradinho da escola tem cor de chocolate. - disse Mary Kate.

_Muito bem filhinha... peraí, namoradinho? Que história é essa?

_É papai, a gente sai de mão dada na rua e toma sorvete junto, já estamos namorando. Pelo menos foi o que a mamãe disse...

_Mas Mary Kate, você tem só seis anos, é muito novinha pra ter namorado.

_Mas papai, eu tenho 9 anos, já sou uma mocinha, tá? Além disso, a mamãe disse que deixa.

Acho melhor terminar esta história outro dia, que agora preciso ter uma conversa séria com a Kitsune. A Mary Kate saindo com namoradinho por aí, onde já se viu...?
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Nota do autor:

O casalmuderrrno repudia qualquer tipo de preconceito, seja ele racial, étnico, religioso ou sexual. Sempre que possível, denunciamos usuários das redes sociais que divulgam argumentos racistas ou discriminatórios.

Entendemos que o preconceito nasce no seio do lar, pois uma família estruturada na compreensão das diferenças dificilmente criará crianças preconceituosas. Por isso, aconselhamos que todos os pais conversem com seus filhos sobre o assunto, que os façam entender que somos todos iguais e que a discriminação é um crime que pode causar muita dor e tristeza.

O tema é delicado e merece a atenção de familiares e pedagogos, somente assim, com a ajuda de todos, poderemos pensar em uma sociedade mais justa e igualitária.

@casalmuderrrno - Chester e Kitsune Chenson

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Meu primo George

Sabem, eu não costumo ter ciúmes da Kitsune, mas de vez em quando não dá, eu viro o bicho. Uma dessas vezes foi quando um primo dela, o George, veio nos visitar. Esse George tem história, pois antes de começar a me namorar, Kitsune costumava se engraçar com ele nas praias de San Francisco.

_Ele é modelo da Louis Vuitton, malha cinco vezes por semana e é um deus grego. - Disse-me ela uma vez, me deixando p. da vida.


George, o primo "deus
grego"de Kitsune
Às vésperas do final de semana em que ele ia chegar, eu já estava uma pilha de nervos, só pensando naquele desgraçado que ia ficar três dias flertando com minha esposa. Kitsune tentou me convencer de que eu estava colocando minhocas na cabeça, que se algo rolou entre eles era coisa do passado e que eu deveria esquecer o assunto. Mas eu sei como um homem pensa, o tal "deus grego" ia esperar apenas uma brecha para relembrar os bons momentos com ela, se aproveitar de uma fraqueza emocional e dar o bote final, levando minha mulher para um pardieiro, tal qual fez o primo Basílio no livro do Eça de Queirós.

Enfim chegou a sexta-feira, e com ela a possível ruptura de nossa bela família.

_Que drama. - diria Kitsune, se pudesse ouvir meus pensamentos naquele momento.

Ao chegarmos na rodoviária, ela desceu para buscá-lo, enquanto eu fiquei esperando no carro, apenas imaginando o abraço caloroso que dariam ao se verem após tanto tempo distantes. Alguns minutos depois Kitsune retornou, conversando alegremente com uma amiga. Ao se aproximarem, saí do carro e segui na direção delas:

Georgette, na última parada gay
de San Francisco.
_Ei Kitsune, onde está o seu primo? - perguntei, na esperança de que ele não vinha mais.

_Então Chester, após tanto tempo sem nos vermos, parece que muita coisa mudou e... esse é o meu primo George. - disse apontando para a moça que a acompanhava.

_George não, Georgette, muito prazer. A Kitsune me falou muito bem de você, é bom mesmo que você trate minha prima direitinho, ouviu?

_Hãããã.... muito prazer, Georg.... ette... - Eu queria ter visto a cara que fiz naquela hora, devo ter ficado mais pálido que o Gasparzinho.

_Chester, volta pra realidade meu querido, vamos que eu estou morta de cansaço. - apressou Georgettte.

Enquanto voltávamos para casa, meu ciúmes deu lugar para a apreensão, e fiquei pensando como as crianças iriam reagir ao descobrir que o tio delas era, na verdade, uma drag queen. Mas esta história fica para um próximo post, namastê.