quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

As Time Goes By

Pois bem gente, essa é a última postagem do ano, espero que gostem. Para essa história, contei com a participação especial de Sally e Somir, um casal tão muderrrno quanto eu e a Kitsune. Quem quiser conhecer melhor essa dupla, acesse: http://blog.desfavor.com/




FELIZ ANO NOVO PARA TODOS OS QUE ACOMPANHARAM
O CASALMUDERRRNO EM 2010!!!!


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Pouco tempo depois que comecei a namorar a Kitsune, passamos nosso primeiro Reveillon juntos. Para a ocasião, tive a "genial" ideia de chamar um casal de amigos que também estavam em início de relacionamento: 

_Kit, eu vou chamar a Sally e o Somir para a festa de fim de ano, ok?

_O quê, não acredito que você vai chamá-lo para uma noite tão especial. - gritou Kitsune. 

Logo percebi que ia ser uma missão inglória conciliar os dois, pois Kitsune declaradamente odiava o meu melhor amigo. Somir, por sua vez, odiava o clima festivo de fim de ano. Minhas esperanças estavam todas depositadas em Sally, que podia se tornar uma gande companhia para Kitsune. 


Ao longo do dia, tentei amenizar a situação fazendo um carinho aqui, um beijinho ali, mas nada fez efeito. Quando a campainha tocou às dez da noite, achei que ela ia ter um ataque de nervos:

_E o descarado ainda chega atrasado. - ouvi-a resmungando pouco antes de abrir a porta.

Somir entrou e já foi direto para a geladeira, tirando duas cervejas lá de dentro. Suei frio ao ver a cara de assassina de Kitsune. Depois veio Sally, que rapidamente fez amizade com ela, me deixando um pouco mais aliviado.

_Chester, hoje eu preciso ficar bêbado, senão não aguentarei essa síndrome de pobre chamada Reveillon. - disse Somir, jogando uma das cervejas para mim. 

_Somir, tenta só curtir a noite, por favor? - repreendeu Sally.

_ Sério, não existe nada mais brega que dar nome em outra língua para uma festa bunda que comemora a "passagem de ano". - respondeu ele, fazendo aspas com as mãos.

_É uma festa importante, tá? O novo ano traz esperança de paz e amor ao mundo. - falou Kitsune.

Kitsune, Sally, Somir, Pessoa X e
Chester: Aparentemente felizes
_Isso não faz sentido, até parece que a guerra vai parar só porque mudou um número no calendário. Além disso, chineses, judeus e tantos outros comemoram o ano novo em outro dia, então, teoricamente, já estamos em um ano diferente. 

_Quem quer jogar buraco? - interrompi, antes que mais merda fosse jogada no ventilador.

Chegando perto da meia noite, já nos preparávamos para sair, quando Kitsune disse:

_Para essa festa, é preciso estar de branco. - ela olhou para Somir, que estava de preto.

_Viu? Eu avisei que era pra vir de branco, eu avisei. - reforçou Sally.

_Mais uma convenção que não faz sentido, além do mais, se não me deixarem entrar na festa, eu vou embora.

_Nada disso, vai lá que o Chester te empresta uma camiseta branca. - disse Kitsune, apontando para o nosso quarto.

Ministério da Saúde adverte: beber
muito causa náuseas e vômitos
_Pois é, vamos lá. - supliquei, dando o meu sorriso mais amarelo.

Já no quarto, ele desabafou:

_Quer dizer que pra participar do Reveillon eu sou obrigado a colocar uma roupa que eu não quero? 

_Abre uma excessão, só hoje, pela nossa amizade.

_Porra Chester, também não fode né. Pensando bem, eu tenho um plano para ir na festa com a camiseta que eu quero sem ser barrado na entrada.

Nisso ele pegou um esmalte branco de Kitsune e escreveu "100% Branco" na camiseta preta. O resultado final ficou tosco e mal dava pra ler, mas mesmo assim, Somir estava com a maior cara de satisfação. Claro que ao ver aquela "obra de arte", Kitsune ficou fula da vida, mas já tinha desistido de ficar brigando:

_Se ele quer se comportar como uma criança, deixa ele.

Enfim, chegamos na festa e ele conseguiu entrar sem grandes problemas. Enquanto comemorava fazendo a já famosa dança da vitória, Somir percebeu que muitas outras pessoas estavam vestindo cores diferentes:

_Festa do branco, há. - ironizou, apontado para Kitsune, que saiu correndo para o banheiro. Achei que ela fosse chorar, mas quando voltou, estava com outro vestido, um todo colorido:

_Eu já disse, hoje eu quero me divertir. Além do mais, é ano novo, época de perdoar os nosso inimigos. - Disse, dando um abraço em Somir, nos surpreendendo com a ação.

O resto da noite seguiu a tradição: bebemos muito, misturamos destilados com fermentados e comemos as mais diversas porcarias. Perto do fim da noite, fizemos nossas promessas de ano novo:

_Prometo fazer meu regime. - Iniciou Kitsune.

_Prometo tratar melhor meus funcionários. - Falei.

_Prometo perder meu medo de Lagartixas. Foi a vez de Sally.

_Prometo ser uma pessoa mais compreensiva, humilde, sincera e religiosa. NOT!!! - Finalizou Somir.


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Então é Natal...

Olá pessoal, antes de iniciar a história de hoje, gostaria de dizer que esta é a penúltima postagem do ano. Pela ocasião especial, será uma postagem mais longa que o normal e provavelmente farei mais uma sobre o ano novo, quando o "gato" da Mary Kate tentou me comer no jantar, mas não prometo nada. Se der tempo de escrever, escrevo, senão...  Merry Christmas and a Happy New Year!
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Eu fantasiado de Papai Noel:
 vejam que animação.

Não sei se vocês sabem, mas existem duas datas ao longo do ano que odeio de coração: o meu aniversário e a véspera de Natal. Meu aniversário pelo simples fato de estar ficando velho, já o Natal por causa de todo o bom mocismo praticado nesta época. Além disso, é o feriado em que eu mais gasto dinheiro com presentes, comida, enfeites e essa papagaiada toda. Sério, nunca entendi muito bem qual a relação entre o nascimento de Jesus, o consumismo desenfreado, a gula e o Papai Noel. Aliás, o "Bom Velhinho" tem um lugar especial no meu inferno pessoal, logo vocês entenderão o motivo.

Bem, todo Natal eu fico com a missão de me vestir de Santa Claus, o Papai Noel. Isso já motivo o suficiente para eu ficar irritado, além disso, as crianças adoram sacanear aquele "velho barbudo que fica sentado ali na sala" e, não raras vezes, já me encheram o saco (não o de presentes). Eu me preparava psicologicamente para a missão, quando Kitsune veio com uma ideia:

_Para este ano, ao invéz de bolas, vou colocar bombons na árvore de Natal. - Logo senti que era má ideia, pois as crianças sempre ficam pilhadas quando comem doce, mas fiquei na minha. E não deu outra, quando elas descobriram que eram bombons que estavam na árvore, devoraram tudo em menos de meia hora.

Daí pra frente elas não pararam mais de correr pela casa, e a cada vez que Kitsune abastecia a árvore de chocolate, elas encontravam um método de ir lá e roubar as guloseimas. Ela até deixou o Mixirica de guarda, mas na época o "gato" da Mary Kate era apenas um filhote e nem deu bola para a farra dos pequenos demônios.

Enfim a noite chegou e, com ela, os parentes indesejados. Estavam todos lá: sogros, tios, pais, irmãos, amigos e até mesmo um penetra ou dois. Só faltou o Wilson, o tio bebum, que deve ter ficado em algum canto por aí.

O resto da noite seguiu a roteiro, nos empanturramos de comida e bebida, vesti a maldita fantasia, a criançada puchou minha barba falsa até dizer chega e ainda tive que aturar minha sogra dizendo que eu era o pior Papai Noel que ela já tinha visto nos últimos tempos. Quando eu estava quase explodindo de estresse, meus filhos me rodearam. Suando, previ o pior, mas eles simplesmente me abraçaram e disseram juntos:

_Feliz Natal Papai Noel!!!!! - Tive que me segurar para não chorar. 

Depois disso veio a tradicional foto de família: 

Um Feliz Natal da família Chenson!!!!!
Já de madrugada, todos haviam ido embora ou estavam dormindo e fiquei sozinho na sala, esperando esfriar a cabeça antes de ir deitar. Foi quando Zezinho, mais dormindo que acordado, veio em minha direção e sentou no meu colo:

_Feliz Natal papai, eu te amo. - disse ele.

Logo em seguida veio o resto da ninhada e, por final, Kitsune chegou com uma caixinha de presente:

_Feliz Natal, meu amor. - Abri a caixinha e era um monte de enfeitinhos feitos à mão pelos nossos filhos. Desta vez não aguentei, chorei e abracei todos eles, com a certeza de que o sofrimento daquela noite havia valido a pena.

FELIZ NATAL A TODOS!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O castelo de areia

Continuando o último post, contarei como foi nossa estadia na praia durante o verão de 1989. Essas férias colocaram em xeque meus nervos de aço, como vocês vão perceber ao longo desta postagem.

Vou começar pela casa que ficamos, que era pequena e apertada. Precisei dividir um quarto - que na verdade era um cubículo que mal cabia eu sozinho - com Kitsune e as crianças. Quase tivemos que dormir em turnos, tamanha era a falta de espaço para deitarmos. Após horas nos acomodando, finalmente conseguimos descansar.
As crianças e o projeto de construir
o maior castelo de areia do mundo.

No dia seguinte, com olheiras nos olhos, fomos para a praia mais próxima. Chegando lá, vimos uma cena digna de inferno: um povaréu, lixo pra tudo quanto é canto, cães, frescobol, futvôlei e tudo o mais que uma praia de terceira merece.

_Ai que saudade da nossa lua de mel, quando fomos para Bora Bora. - comentei com Kitsune, que nem deu bola, pois já estava se bronzeando.

Olhei para os lados e as crianças haviam sumido, preocupado com elas, comecei a gritar pelos seus nomes:

_Luizinho, Zezinho, Mary Kate, Ashley, Huguinho! Onde estão?

_Estão ali fazendo um castelo de areia, seu mocorongo. - respondeu Miss Stevenson, apontando para um aglomerado de crianças que se empenhavam na construção de um castelo de areia.

_Esses bobões querem construir o maior castelo de areia do mundo, mas se depender de mim, nunca vão conseguir. - Gritava Ashley, enquanto destruía o trabalho das crianças, que choravam desesperadas.

"Gatinho" encontrado por Luizinho
e adotado por Mary Kate.
Olhei desconsolado para minha filha, depois para a cara de desaprovaçao da minha sogra e, por fim, para Kitsune, que continuava se bronzeando no sol escaldante.

O dia ia passando ao largo, e eu já pensava na viagem de volta para casa, quando senti uma mão puxando minha bermuda. Era Luizinho, nosso filho nerd que, assim como o pai, detesta a praia, o sol e o mar.

_Papai, vem ver o gatinho que eu achei.

Ele me levou até um recanto da praia, onde havia uma cesta de piquenique com um gato dentro. Chegando mais perto, percebi que aquele gato era grande demais para ser um simples bichano.

_Podemos ficar com ele, papai? - Disse Mary Kate, aparecendo magicamente e quase me matando de susto.

_Éééééééé....

_Ai, brigada papai. - Respondeu ela rapidamente, já abraçando o bicho para levá-lo embora. _ Vou chamá-lo de Mixirica, por que é amarelinho.

Mal sabíamos que aquele gato cresceria até ter o tamanho de um pônei, nem que ele ia tentar me comer umas duas vezes por mês. Mas isso fica para um futuro post, namastê.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Feriado na praia

A praia em um dia de
pouco movimento
Quem tem família grande sabe, mas quem não tem, aí vai um aviso: Viajar com parentes e familiares é uma Via Sacra, principalmente se sua sogra for a Miss Stevenson ou se sua filha for como a Ashley, a nossa ovelha negra. Foi no verão de 89 que esta história aconteceu, e tudo começou com um simples telefonema:

_Oi Kit, nós conseguimos alugar uma casa na praia para o final de semana, gostariam de ir com a gente? - Era Sakura, a irmã de Kitsune.

_Mas é claro. - respondeu ela, sem me consultar.

Quem me conhece já sabe, sou inimigo do sol, da água salgada e da superpopulação que se aglomera nas praias de todo o país. Destes locais eu só gosto das mulheres de biquini e olhe lá.

Mesmo contra a minha vontade, começamos a fazer as malas. Nós íamos fazer uma viagem de apenas três dias, mas mesmo assim Kitsune quis porque quis colocar o guarda-roupas inteiro dentro de uma única mala. Enquanto isso, eu fui mais prático e só peguei três mudas de roupas.

Ashley, Kitsune e Mary Kate:
as sereias da minha vida
_Leva mais roupa, senão depois vai ficar reclamando que não tem roupa pra sair, que todas suas camisetas estão molhadas e que a sunga está cheia de areia. - alertou-me Kitsune, mas nem dei bola.

As crianças eram um caso à parte, eles ainda não tinham conhecido o mar e estavam ansiosos pela viagem. Ashley, a ovelha negra, ficava inventado histórias para colocar medo nos irmãos:

_Um amigo meu lá da escola disse que no mar têm uma Lula gigante, e que o prato preferido dela é crianças no jantar. - Huguinho, o mais medroso dos nossos filhos, sempre corria para a barra da saia da mãe quando ouvia essas mentiras.

Com tudo certo, pegamos nossa Van e fomos até o litoral. No caminho, calor e congestionamento, uma combinação estressante, ainda mais se você tiver cinco filhos hiperativos no banco de trás.

_Pai, tá calor!

_Quero ir no banheiro!
Miss Stevenson, pode nadar que é
 seguro, qualquer coisa eu te salvo.

_O Luizinho pegou minha boneca!

Para acalmar os capetinhas, precisei tomar uma medida sócio-educativa, ou seja, liguei o dvd portátil e coloquei um desenho bem calmante para eles dormirem.

Quando finalmente chegamos na praia tive mais más notícias, pois Miss Stevenson, minha sogra, também estava lá. Ideias perturbadoras passaram pela minha cabeça quando, após nos acomodarmos na casa alugada, ela disse;

_Que bom ver meus netinhos, mas bem que o imprestável podia ter ficado em casa.

"Ah Miss Stevenson, eu tenho planos para você. Tome cuidado sua cobra velha, pois muitos 'acidentes' podem acontecer no mar", pensei. Porém, o que eu fiz com minha sogra na praia fica para um futuro post, namastê.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Papai, o que é preconceito?

Existiram momentos na vida em que fiquei totalmente sem palavras, a maior parte destas ocasiões ocorreram por culpa dos meus filhos. Deixem-me explicar melhor, é que em uma determinada idade, as crianças costumam perguntar sobre tudo, TUDO mesmo! E vocês bem sabem, não há resposta para tudo.

A difícil missão de explicar a
homossexualidade para crianças
Como foi dito no último post, George chegou para passar um final de semana com a gente, porém travestido como Georgette. Eu sabia que haveriam muitas perguntas quando meus filhos vissem George, então fiz todo o percurso até minha casa pensando em como iria explicar para eles que aquele homem era, na verdade, um homossexual.

Para vocês terem uma ideia melhor do que estou tentando dizer, aqui vão alguns exemplos de repostas que dei para os meus filhos em ocasiões embaraçosas:

_Papai, por quê existem pessoas deficientes?

_Hã.......

_Papai, por quê as pessoas odeiam os nordestinos?

_É.....

_Papai, por quê existe gente de cor diferente?

_Então....

_Papai, o que é física quântica?

_O quê???

No final das contas, percebi que minhas crianças tinham muitas dúvidas sobre o que era preconceito:
Mary Kate e seu
namoradinho da escola

_Bem meus filhos, às vezes as pessoas não aceitam muito bem que existam diferenças entre os seres humanos. Porém, ser diferente é muito legal, imaginem se todo mundo fosse igual? Não ia ter graça nenhuma.

_É verdade papai, tanto que meu namoradinho da escola tem cor de chocolate. - disse Mary Kate.

_Muito bem filhinha... peraí, namoradinho? Que história é essa?

_É papai, a gente sai de mão dada na rua e toma sorvete junto, já estamos namorando. Pelo menos foi o que a mamãe disse...

_Mas Mary Kate, você tem só seis anos, é muito novinha pra ter namorado.

_Mas papai, eu tenho 9 anos, já sou uma mocinha, tá? Além disso, a mamãe disse que deixa.

Acho melhor terminar esta história outro dia, que agora preciso ter uma conversa séria com a Kitsune. A Mary Kate saindo com namoradinho por aí, onde já se viu...?
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Nota do autor:

O casalmuderrrno repudia qualquer tipo de preconceito, seja ele racial, étnico, religioso ou sexual. Sempre que possível, denunciamos usuários das redes sociais que divulgam argumentos racistas ou discriminatórios.

Entendemos que o preconceito nasce no seio do lar, pois uma família estruturada na compreensão das diferenças dificilmente criará crianças preconceituosas. Por isso, aconselhamos que todos os pais conversem com seus filhos sobre o assunto, que os façam entender que somos todos iguais e que a discriminação é um crime que pode causar muita dor e tristeza.

O tema é delicado e merece a atenção de familiares e pedagogos, somente assim, com a ajuda de todos, poderemos pensar em uma sociedade mais justa e igualitária.

@casalmuderrrno - Chester e Kitsune Chenson

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Meu primo George

Sabem, eu não costumo ter ciúmes da Kitsune, mas de vez em quando não dá, eu viro o bicho. Uma dessas vezes foi quando um primo dela, o George, veio nos visitar. Esse George tem história, pois antes de começar a me namorar, Kitsune costumava se engraçar com ele nas praias de San Francisco.

_Ele é modelo da Louis Vuitton, malha cinco vezes por semana e é um deus grego. - Disse-me ela uma vez, me deixando p. da vida.


George, o primo "deus
grego"de Kitsune
Às vésperas do final de semana em que ele ia chegar, eu já estava uma pilha de nervos, só pensando naquele desgraçado que ia ficar três dias flertando com minha esposa. Kitsune tentou me convencer de que eu estava colocando minhocas na cabeça, que se algo rolou entre eles era coisa do passado e que eu deveria esquecer o assunto. Mas eu sei como um homem pensa, o tal "deus grego" ia esperar apenas uma brecha para relembrar os bons momentos com ela, se aproveitar de uma fraqueza emocional e dar o bote final, levando minha mulher para um pardieiro, tal qual fez o primo Basílio no livro do Eça de Queirós.

Enfim chegou a sexta-feira, e com ela a possível ruptura de nossa bela família.

_Que drama. - diria Kitsune, se pudesse ouvir meus pensamentos naquele momento.

Ao chegarmos na rodoviária, ela desceu para buscá-lo, enquanto eu fiquei esperando no carro, apenas imaginando o abraço caloroso que dariam ao se verem após tanto tempo distantes. Alguns minutos depois Kitsune retornou, conversando alegremente com uma amiga. Ao se aproximarem, saí do carro e segui na direção delas:

Georgette, na última parada gay
de San Francisco.
_Ei Kitsune, onde está o seu primo? - perguntei, na esperança de que ele não vinha mais.

_Então Chester, após tanto tempo sem nos vermos, parece que muita coisa mudou e... esse é o meu primo George. - disse apontando para a moça que a acompanhava.

_George não, Georgette, muito prazer. A Kitsune me falou muito bem de você, é bom mesmo que você trate minha prima direitinho, ouviu?

_Hãããã.... muito prazer, Georg.... ette... - Eu queria ter visto a cara que fiz naquela hora, devo ter ficado mais pálido que o Gasparzinho.

_Chester, volta pra realidade meu querido, vamos que eu estou morta de cansaço. - apressou Georgettte.

Enquanto voltávamos para casa, meu ciúmes deu lugar para a apreensão, e fiquei pensando como as crianças iriam reagir ao descobrir que o tio delas era, na verdade, uma drag queen. Mas esta história fica para um próximo post, namastê.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Aprendendo a dirigir

Se tem uma invenção moderna que eu não me dou bem, essa invenção é o carro, sério, não consigo ver graça nenhuma em um trambolho de metal que pode chegar a custar milhões de dólares. Desde minha adolescência, resisti bravamente antes de me render a aprender a dirigir. Quem conseguiu me convencer foi a Kitsune, como sempre:

_ Quando eu ficar grávida e a bolsa estourar, quem vai me levar pro hospital, o taxista? - eu quase respondi que sim, mas pela cara que ela me fez, achei melhor pegar meu banquinho, sair de mansinho, e fazer um CFC baratinho.

Meu primeiro passo foi fazer o psicotécnico, logo percebi que ligar o cavalo ao seu rabo era pegadinha, então liguei o eqüino à uma máquina de lavar, que é para esses psicólogos de araque perceberem que não podem me enganar tão fácil assim. Reprovei, mas passei após pagar uma bagatela de $300 para a auto escola.
Estudando em casa, com a ajuda de
Kitsune e Hugo, o trigêmeo do meio.
Em seguida, além de ter que frequentar uma sala de aula com um monte de adolescentes de 16 anos, tive que estudar um livrinho chato para fazer a prova prática. Eu estudava em casa, no trabalho e até depois do sexo de domingo a noite. 

Foram 15 dias de tortura, onde tive que aprender mecânica, primeiros socorros, direção defensiva, filosofia de bar, cervejaria alemã e baixa gastronomia local. Tá bom, tá bom, talvez alguns desses assuntos eu não tenho aprendido exatamente dentro da sala de aula, mas eu tava lá, então valeu como aprendizado. Também reprovei na prova teórica, mas nada que uma quantia de $500 não resolvesse.
Stwart, meu professor de 97 anos:
"Carro é que nem mulher".

O terceiro passo foi ir para a parte prática da coisa, ou seja, dirigir de fato. Meu instrutor foi Stwart, um velhinho simpático de 97 anos. Percebendo minha total falta de habilidade com o volante, ele me disse uma coisa que até hoje levo como filosofia pessoal:

_ Meu filho, carro é que nem mulher, depois que engata a primeira, vai que é uma beleza. - Stwart podia ser mais cego que uma Topeira, mas entendia de carro e mulher como ninguém.

Strike nos ecochatos que andam
de bicicleta!!!
Foram mais 15 dias dirigindo pra cima e pra baixo, mas em nenhum momento me senti realmente confortável dirigindo aquela geringonça. Meu único momento de alegria foi quando mirei um bando de ecochatos, que por azar do destino, decidiram passar de bicicleta na minha frente. Olhei para Stwart, ele olhou pra mim:

_ Strike!!!! - gritamos juntos.

Reprovei de novo, e desta vez tive que pagar $1000, mais as depesas do hospital dos ecochatos, só para conseguir pegar minha carta, um verdadeiro assalto!

P.S.: Quando a bolsa de Kitsune estourou, acabei passando mal ao ver a placenta saindo dela e precisei ser hospitalizado também. Quem nos levou ao hospital foi Miss Stevenson, que me chama de frouxo até hoje.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Chenson's Foods: O início

Está mais do que na hora do mundo saber como transformei um pequeno empreendimento, em uma multinacional de sucesso, então hoje vou contar como abri a minha empresa, a Chenson's Foods Inc.

Billy (em pé) trabalhava, enquanto
eu (sentado) já pensava no futuro.
Tudo começou em Omaha, minha cidade natal. Minha primeira profissão foi de atendente em uma lanchonete, onde além de lavar, passar e cozinhar, também costurava o uniforme do pessoal e desentupia o banheiro dos clientes.

Menina selvagem, já domesticada,
que comeu 100 hambúrguers crus.

Eu sempre fui um rapaz sonhador e, nos meus raros momento de folga, eu ficava pensando no futuro e no que iria fazer dali a 10 anos. Eis que um dia me veio a resposta, na forma de uma menina selvagem que apareceu na porta da lanchonete.

Ela estava nua e rosnava feito um lobo. Além de avançar nos clientes, a menina ainda saia correndo atrás dos carros, como fazem aqueles Chiuauas que eu tanto odeio.

Na tentativa de acalmar a menina selvagem, começamos a jogar hambúrguers crus pra ela, que sem titubear, devorava-os em uma bocada só. Foram necessários 100 hambúrguers para a menina começar a ficar sonolenta. Neste momento, a carne tinha acabado, mas a fome dela ainda não. A solução encontrada foi pegar algumas minhocas no jardim e amassá-las na chapa, simulando algo parecido com carne de boi. e deu certo, a menina adorou a ideia e começou a pular de alegria. Pulou tanto que acabou dormindo.

Joey, o cliente mais fiel da Chenson's
Foods: virou o nosso logo oficial.
A selvagem foi se acostumando com a gente e ganhou o apelido de "Lobinha", porém, mantive minha receita de hambúrguer de minhoca em segredo. Anos depois utilizei aquela mesma receita para abrir minha própria lanchonete, a primeira Chenson's Foods do mundo!!!

O hambúrguer de minhoca logo se tornou um sucesso, principalmente por causa dos nossos clientes mais fiéis. Joey, um entusiasta da milenar culinária de lanchonetes, serviu até mesmo de inspiração para o logo oficial da nossa empresa.

Hoje, após 10 anos de existência da Chenson's Foods, estamos presentes em 50 países, empregamos cerca de 1 milhão de funcionários e recebemos vários prêmios de franchising mais rentável do setor. E é assim, a partir de uma brilhante ideia, que surgiu a maior cadeia alimentícia do planeta!!!

P.S.: Anos depois, Lobinha se envolveu com um Pastor Alemão, com quem se casou e teve uma prole de 3 filhotes. Billy, meu primeiro colega de emprego, hoje em dia trabalha como cozinheiro em uma High School. Já Joey, nosso melhor cliente, morreu recentemente de um enfarto, logo após ingerir um hambúrguer da concorrência.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O dia em que tentei salvar o mundo!

Hippies simpáticos que visitaram
a Chenson's Foods Inc.
O ser humano é mesmo engraçado, após séculos de luta contra a natureza pela sobrevivência, quando começamos a ganhar a batalha, aparecem os ecochatos para acabar com a festa. Pois bem, outro dia desses uma organização ambiental resolveu visitar a Chenson's Foods. Eram quatro rapazes e uma moça, que mais pareciam uma tropa hippie que acabava de sair do Woodstock. Quando souberam que produzíamos carne processada, quase tiveram um ataque de nervos:

_ Ou você torna isso mais sustentável, ou faremos um protesto aqui na frente da empresa. - veio o ultimato de um deles.

Após essa ameaça, percebi que eu precisava mesmo mudar alguns maus hábitos, na tentativa de ajudar a salvar o mundo. Comecei com pequenas coisas, como consertar a torneira da cozinha, que já pingava há três meses. Também evitei de sair com o carro para ir ao trabalho e caminhei dois longos quarteirões até chegar na sede da empresa.

Trabalhando duro para
salvar o planeta !!!!
Depois parti para atitudes mais radicais, como usar sempre a mesma fralda nas crianças e fazer um depósito de sacolas plásticas na despensa de casa. Ainda nesta empreitada, comecei a adotar um novo sistema de reciclagem na Chenson's Foods, nossa nova filosofia passou a ser a seguinte: "A carne que não vendemos hoje, vira hambúrguer amanhã".

Com essas pequenas medidas, os lucros da empresa triplicaram com a reutilização da carne processada. Já em casa, economizamos 70%  dos gastos residenciais com a torneira que não pingava mais. Por outro lado, não cabia mais sacolinhas no ármario e os trigêmeos estavam com assaduras no bumbum, fato que deixou Kitsune muito brava comigo.

No final das contas, tive que dormir uma semana inteira no sofá, além de prestar contas para a vigilância sanitária, que desde então não sai do meu pé. Porém, eu como ferrenho defensor da natureza, não me renderei a estes empecilhos e continuarei na minha jornada para salvar o mundo!

Mas só poderei continuar minha heróica saga em um fututro próximo, que agora vou comprar um casaco de pele para a Kitsune. Sabem como é, preciso fazer as pazes com a patroa...

domingo, 10 de outubro de 2010

Grávida!!!

Chester em pânico, muitos
filhos, pouco dinheiro
Eu e Kitsune já estamos juntos há vinte e cinco anos e um dos momentos mais emocionantes da minha vida foi quando ela me disse que estava grávida. Minha primeira reação, claro, foi desmaiar. A segunda foi entrar em pânico. A terceira foi chamar os amigos e ir encher os cornos de cerveja no bar do Willie.

E gravidez, minha gente, é uma coisa engraçada, pois a partir de uma única célula surge toda uma vida nova. Durante esse período, Kitsune ficou com uma fome de leão e comia tudo que via pela frente. Além dos desejos esquisitos:

_Ai que vontade de comer terra.

_Terra?

_É Chester, daquelas bem arenosas, do tipo que usam em material de construção.

_Mas Kitsune, terra?

_Você não quer que nosso filho nasça com cara de terra, quer? - Ela sempre usava esse golpe baixo pra me convencer.


Mary Kate e Ashley com
a tia Elsa
Na primeira vez que fomos fazer o ultrassom, descobrimos que íamos ter duas meninas. Minha primeira reação foi querer pular da janela. A segunda foi fumar um maço de charutos. A terceira foi chamar os amigos e ir encher os cornos de whisky no bar do Willie.

Quando Mary Kate e Ashley nasceram, foi uma grande festa. Convidamos os amigos, os amigos dos amigos, os inimigos e até mesmo os parentes, esses ingratos.


Os trigêmeos José, Hugo e Luís.
Oito anos depois ela engravidaria novamente, desta vez de três meninos. Minha primeira reação foi querer fugir para um país bem longe. A segunda foi perder os cabelos de tanta preocupação. A terceira foi chamar os amigos, encher os cornos de cerveja com whisky no bar do Willie e comprar equipamento de football para os pimpolhos.

Foi difícil cuidar dessa criançada, principalmente da Ashley, que era a ovelha negra da família e sempre se metia em confusão. Por outro lado, ver seus filhos crescerem é uma experiência inigualável e sempre me lembro com muito carinho das noites mal durmidas, das trocas de fraldas e até mesmo daquela vez em que o Huguinho vomitou no meu paletó Armani novinho em folha. Porém, esta e outras histórias ficam para os próximos posts. Namastê.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A história de Chester e Kitsune

Bem, para o primeiro post, contarei para vocês como eu conheci a Kitsune, minha fiel companheira de aventuras. Filha de um japonês e uma americana, conheci ela quando fiz uma viagem ao bairro da Liberdade, que fica no Japão. Impressionado com sua beleza, similar a um flor de cerejeira, comecei a cortejar aquela bela dama de traços orientais.
Kitsune: dos mangás para a
vida do Chester

_Será que chove? - perguntei, lançando meu irresistível olhar 43.

Da meteorologia fomos para temas mais picantes, como a rodada do brasileirão e a atual política nacional. Não deu outra, ela se apaixonou por mim. Em conversas mais íntimas, descobri que seu nome, em japonês, significa raposa, o que condiz com sua personalidade sagaz e astuta. E foi essa personalidade que nos levou ao primeiro beijo, já que eu me fazia de difícil e apenas flertava com aquela linda donzela.

_Chester, cala a boca e me beija. - foi o que ela disse pouco antes de nos beijarmos. Naquele momento o mundo parou e meu coração batia tão forte que achei que ia infartar, mas a realidade voltou mais rápida, na forma de uma panelada na cabeça.

Miss Stevenson Ikehara, minha
adorável sogra
_O que é essa pouca vergonha na minha sala? - Era a mãe de Kitsune, Miss Stevenson Ikehara, que acabava de chegar da lavanderia.

Como todo bom casal, nós fomos ao cinema, aos bailes, aos almoços de domingo e até mesmo ao karaokê com a avó Akemi, matriarca da família.

Bem, o resto desta história é bem comum: nos casamos, tivemos filhos, brigamos, fizemos as pazes e entramos na era digital, não necessariamente nesta ordem.  Mais de nossa história vocês acompanharão neste blog, no nosso twitter ou até mesmo no facebook, esperamos que gostem. Namastê!